A primeira reação de atleta após vitória é uma manifestação de dominância
Após a vitória, a reação inicial e instintiva de um atleta é aquela que manifesta o domínio sobre seu oponente.
De acordo com um novo estudo publicado hoje na revista Motivação e Emoção.
Dessa forma, essa linguagem corporal, conhecida como “expressão impositiva de domínio” e rotulada como “triunfo” em outros estudos, foi observada em vencedores de Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de judô.
A expressão parece ser inata. Porque decorre de uma necessidade evolutiva para estabelecer ordem e hierarquia na sociedade, conforme o professor de Psicologia David Matsumoto da Universidade Estadual de São Francisco (San Francisco State University). Coautor do estudo com Hyisung Hwang, um membro do corpo docente adjunto em psicologia na universidade de São Francisco.
A cultura do atleta interfere na maneira como ele comemora a vitória
Conforme outro estudo publicado em novembro, Hwang e Matsumoto também descobriram que a cultura de um atleta afeta a intensidade de exibição desta expressão de domínio.
“Culturas que são mais orientadas para o status têm indivíduos que produzem esses comportamentos. Mais do que os indivíduos que vêm de culturas que são mais igualitárias”, disse Matsumoto.
Em pesquisas anteriores, observadores rotularam a linguagem corporal dos atletas manifestando-se em poses vitoriosas como “triunfo”.
Além disso, estabeleceram a atitude triunfo como sendo potencialmente uma expressão separada de orgulho, que exige um pensamento mais cognitivo e reflexão.
O novo estudo, entretanto, é o primeiro a perguntar se expressões de triunfo são a reação imediata de um atleta após a vitória.
Para responder a essa pergunta, Hwang e Matsumoto olharam para o primeiro movimento do corpo feito por um atleta ao saber que foi vitorioso, determinaram se esta ação estava entre aquelas consideradas como “expressão de triunfo”.
Assim sendo, classificaram a intensidade da ação em uma escala de cinco pontos.
Ações e expressões de vitória
Ações consideradas triunfantes incluíam levantar os braços acima dos ombros; estufar o peito; inclinar a cabeça para trás sorrindo.
Estas ações foram observadas em atletas vitoriosos de todas as origens culturais. E até mesmo em atletas paraolímpicos cegos. O que sugere que o comportamento é biologicamente inato.
“É uma expressão manifestada muito rapidamente; instantânea; universal. Que é produzida por muitas pessoas diferentes, em muitas culturas, imediatamente depois de vencer um combate”, disse Matsumoto.
“Muitos animais parecem possuir (em seu repertório comportamental) uma “expressão impositiva de domínio” que envolve a capacidade de fazer seu corpo parecer maior.”
Conforme outro estudo, Hwang e Matsumoto compararam a intensidade das expressões de triunfo de atletas vitoriosos com a “Distância de Poder” (DP) da sua cultura, uma medida que representa o grau em que uma cultura estimula ou desestimula poder, status e diferenças hierárquicas entre grupos. Eles descobriram que os atletas de culturas com alta DP produziram tal linguagem corporal mais do que os de culturas com baixo DP.
A relação da região com as expressões triunfantes
Países com alta Distância de poder incluem a Malásia, Eslováquia e Romênia.
Enquanto que, os países com baixo DP incluem Israel, Áustria e Finlândia.
Os Estados Unidos e o Reino Unido são classificados como intermediários em relação ao espectro de DP. Juntamente com países como a Hungria, Irã e Itália.
“Os resultados fazem sentido”, de acordo com Matsumoto.
Dada a importância de mostrar o domínio para o estabelecimento de status e hierarquia dentro de um grupo. De modo que o grupo opere de forma eficiente.
Por isso, países que colocam uma maior ênfase na hierarquia têm uma maior necessidade de linguagem corporal que ajude a estabelecer poder e status. “Mas tais ações podem ser vistas em muitos tipos diferentes de grupos”, acrescentou.
“Se você está em uma reunião, a pessoa sentada na “cadeira do poder” vai estar com a postura mais ereta parecendo mais alta; usará uma voz forte e usará gestos que significam dominação”, disse.
“Se houver conflito, a pessoa que gritar mais ou for a mais severa será vista como o líder. Assim, estabelecer-se-á a hierarquia nesse contexto.”
“Pesquisas adicionais são necessárias para verificar se os resultados podem ser replicados em outros contextos”, conforme Matsumoto.
Por fim, ele também está desejoso de estudar mais a respeito de quando ocorrem esses tipos de comportamentos e o que os desencadeia.
Bem como coletar dados adicionais para reforçar a teoria de que “triunfo” é uma expressão separada de orgulho.
Tradução por Jorge Lyra
Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil
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