Evitando o desgaste da relação: a “arte” do diálogo no casamento
A comunicação do casal
Não é raro encontrar pessoas que destacam as diferenças entre os comportamentos do cônjuge durante o namoro e na época do casamento. Sobretudo no que se refere à comunicação interpessoal.
Mas, afinal, como é possível melhorar a qualidade de comunicação entre os parceiros?
No dia-a-dia a dois, existe uma série de decisões que o casal precisa resolver consensualmente. Por exxemplo: se vão ou não ter filhos, quais os investimentos financeiros que precisam realizar ou para onde viajarão nas próximas férias.
Assim, a comunicação ambígua ou conflituosa prejudica bastante a resolução dos problemas entre o casal. Porque, um deles se expressa e a mensagem enviada diverge da mensagem recebida pelo interlocutor. E as consequências disso são bem previsíveis. Um se magoa e o outro se chateia, sentindo-se culpado e também incompreendido.
Uma pesquisa revelou diferenças quanto ao entendimento das comunicações entre os parceiros com bom ajuste conjugal e os que estavam em um relacionamento desgastado. Os casais com dificuldades no relacionamento entendiam menos o que cada um dizia ou queria dizer do que os casais ditos felizes.
Além disso, os casais em conflito apresentaram o mesmo desempenho que os casais felizes na decodificação das mensagens de pessoas estranhas. Ou seja, todo o processo de comunicação às vezes trilha como um trem desgovernado nas relações conjugais desgastadas.
Problemas na comunicação entre os parceiros
Muitos problemas de comunicação entre os parceiros se devem às diferenças quanto aos meios de expressão. As dificuldades quanto à adaptação de formas diferentes de expressão são comumente alvos de desentendimento.
Em geral, as mulheres costumam fazer mais perguntas que os homens. O que pode indicar o quão satisfatório é para elas investirem nas relações com as pessoas.
Por outro lado, os homens dificilmente fazem perguntas pessoais, pois para eles, as perguntas geralmente são sinônimas de intromissão e invasão de privacidade.
Obviamente, para que haja essa mudança, é necessário haver autocontrole emocional. Além disso, o comportamento é aprendido e pode ser modificado. Para tanto, é necessária a exposição aos contextos e emissão de novos comportamentos.
A partir de então, ao verificar os efeitos dele no ambiente, pode-se manter o novo comportamento no seu repertório. A princípio, pode parecer um esforço, mas com o decorrer do tempo se torna algo automático.
Como o diálogo é uma interação, é interessante que o ouvinte emita sinais verbais e não-verbais que indiquem que se está acompanhando. Se uma pessoa fala e o ouvinte não oferece retorno, é possível que haja: incompreensão quanto ao conteúdo; desinteresse na conversa; dúvida quanto a se o sujeito está mesmo ouvindo, entre outros.
Dessa forma, o outro vai perceber que existe algo que precisa dizer e isso diminuirá a probabilidade do curso da conversa descarrilar. Outra dica é verificar pausas no discurso para se pronunciar.
Se, enquanto você já tiver iniciado o discurso, esta pausa for logo retomada pelo falante; um pedido de desculpas muitas vezes é o suficiente para que o interlocutor lhe conceda a palavra ou note a sua necessidade em falar.
Como melhorar a comunicação entre os parceiros?
Durante um diálogo, é interessante também que a pessoa seja o mais concisa possível naquilo que tem a dizer. Além disso, ser específico, evitando comentários vagos e amplos também costuma ser útil para a eficácia da comunicação.
Além disso, algumas colocações podem ser evitadas para haver melhor qualidade na comunicação, como os xingamentos e insultos. Desqualificar alguém é apenas um gatilho para uma discussão maior.
Uma alternativa para isso é direcionar a crítica ao comportamento e não à pessoa.
Outros fatores a serem evitados são as expressões absolutas “sempre” e “nunca”. Além de não serem exatos, logo são sucedidos de refutação do cônjuge. E, muito provavelmente, de uma briga que afasta o casal da resolução do problema em questão. Assim, ao invés de “Você nunca me ajuda a lavar a louça” um “Você pode me ajudar com as louças hoje?”diminuiria as chances de desagrado do (a) parceiro (a).
Se durante uma conversa você verificar mágoa na outra pessoa diante de alguma atitude sua, um pedido de desculpas é algo plausível. Mesmo que você tenha razão na discussão, verifique se há algo que possa fazer para apoiar seu parceiro. Ou se cabe algum pedido de desculpas por algo que poderia ser evitado.
A comunicação no casamento é uma das ferramentas responsáveis pela qualidade e longevidade do relacionamento.
Conviver com outra pessoa requer não só o entrelaçamento das vidas rotinas, mas também o respeito quanto às individualidades de cada um. O zelo não está presente apenas no afago. Está também no do que é dito ou transparecido.
Sendo assim, priorizar uma comunicação entre parceiros de qualidade é fundamental para um relacionamento saudável, não só do casal, mas de toda a família.
Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil
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