CURSOS ONLINE E EDUCAÇÃO À DISTANCIA
Dados da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED)1 apontam que a educação a distância (EaD) é cada vez mais procurada pelos brasileiros. A crescente disponibilidade dos computadores com acesso à Internet somado a difusão já existente de rádio, televisão e outros meios de comunicação aumentaram as viabilidade de emprego da Educação a Distância (EaD). Facilidade de acesso, provavelmente, a um clique, conteúdo disponível a qualquer tempo, custo menor em deslocamento são condições que mostram algumas das suas vantagens. Mas o que ela significa? Acessar páginas de internet com extensos conteúdos seria uma forma de educação a distância? Assistir aos vídeos disponíveis no Youtube ou nos sites indexados pelo Google quando esses são acompanhados de comentários pode ser educação a distância? É importante ter clareza do conceito de EaD e verificar o que se enquadra e o que não se enquadra nesse conceito.
A Educação a Distância é uma modalidade de atuação no processo de ensino e aprendizagem com características próprias. Segundo Beloni (1999), essas características são:
(a) distância física entre o professor e o aluno, bem como separação temporal;
(b) mediação por algum recurso tecnológico (impresso, computador, televisão, etc.);
(c) flexibilidade dos conteúdos, acentuados pelo uso da internet; e,
(d) o aluno é considerado gestor da própria aprendizagem, sendo esse último um princípio orientador para a elaboração das atividades de EaD.
Então, na Educação a Distância, a característica separação física pode chegar a ponto de um professor e seus alunos jamais se verem, se ouvirem, se confraternizarem pessoalmente. A separação temporal é tão ampla quanto pode ser de alguns minutos atrás ou chegar a anos após o conteúdo ter sido colocado à disposição dos alunos.
Assim, essa modalidade de ensino evidencia o cuidado que deve existir na elaboração do material de ensino, para torná-lo propício à aprendizagem sem recorrer aos outros, mesmo que haja alguém colocado à disposição para apoiar o aluno. Veja o papel importante daquele que concebe esse material. Ele deve estudar o que mais facilitaria a aprendizagem de um conteúdo e criar alternativas para tanto.
Uma estratégia muito utilizada é a concepção de materiais auto-instrucionais. Eles são um objeto (apresentação de slides, vídeo, jogo, etc.) que se torna auto-suficiente na capacidade de estimular a aprendizagem daquele que o manipula, de tal forma que não requeira interferência ou auxílio de outra pessoa.
Entretanto, esses objetos não são mera junção de conteúdo, têm objetivos muito claros para o aluno. A leitura, escuta ou observação desse objeto é acompanhada de uma solicitação aluno para que o aluno aja ou interaja evidenciando o que reteve de informação. Após isso, esse aluno obtém de volta comentário a respeito de sua ação (feedback). Belloni (1999) ressalta que, graças às novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs), possibilidades inéditas foram oferecidas quanto à interatividade – potencial técnico oferecido pelo meio para o usuário agir sobre a máquina e receber uma “retroação” – e à interação – ação recíproca entre dois ou mais atores (professor e alunos, entre alunos).
O papel do aluno em curso a distância é diferente daquele tipicamente visto no ensino presencial. Sua presença física é dispensada em troca de um papel ativo, com mais liberdade e responsabilidade na gestão do seu tempo e administração do ritmo pessoal da aprendizagem, dada a possibilidade de contato com o material em qualquer tempo. Curiosidade, persistência, disciplina, auto-motivação e capacidade de contato com outros são habilidades que o aluno deve exercitar quando se empenha na atividade de aprender via EaD. Os benefícios são enormes, pois além do resultado da aprendizagem em si se tornar uma fonte de gratificação, a própria vida profissional requererá habilidades comportamentais semelhantes.
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