Enurese: como parar com o xixi na cama?
Quando você era pequeno já fez xixi na cama? Sabia que a dificuldade de segurar o xixi é um transtorno? Chamamos esse transtorno de enurese e ele é comum em crianças até os 7 anos.
É um transtorno não considerado grave para as crianças, com uma preocupação muito maior só quando atinge adolescentes e adultos. Acredita-se que cerca de 15% das crianças com 5 anos tem esse problema.
Mas como descobrir quando a criança tem enurese? Qual é o melhor tratamento? Confira essas e mais informações no texto abaixo.
O que é enurese?
Enurese é a micção involuntária ou voluntária. Ela é considerada um transtorno de eliminação, e atinge pelo menos 15% das crianças com mais de 5 anos. Além disso, a enurese é de 2 a 3 vezes mais comum em meninos do que em meninas.
A enurese é um transtorno mais infantil. Somente 1% das pessoas com tal problema têm mais de 15 anos. Ademais, a enurese pode ser classificada de duas formas:
- Enurese primária: é quando a criança não tem controle da bexiga e por isso faz xixi na cama.
- Enurese secundária: a criança já tem o controle da bexiga, mas depois de seis ou mais meses ela volta a ter episódios de incontinência urinária.
Ainda, essa incontinência pode ser diurna, noturna ou ambas.
A enurese afeta muito o psicológico da criança. É comum ela começar a ter problemas de autoestima, já que tal problema é considerado algo imaturo, coisa de bebê. Consequentemente, a criança começa a evitar dormir fora de casa, com medo do seu “segredo” ser descoberto.
Os pais precisam mostrar para a criança que aquilo não é algo vergonhoso e que existe solução.
Causas da enurese
A enurese ainda não tem uma causa específica. É comum a criança ingerir muito líquido antes de ir dormir e isso acaba ocasionando em um episódio do problema. Além desse exemplo, existem outros fatores que podem ser causadores da incontinência urinária como:
- Diabetes tipo um;
- Apneia do sono;
- Infecção urinária;
- “Imaturidade” em reconhecer que a bexiga está cheia;
- Bexiga pequena, dificultando a continência do xixi;
- Atraso no crescimento;
- Problemas no trato urinário ou no sistema nervoso;
- Estresse na escola ou em casa;
- TDAH ou esquizofrenia;
- Constipação crônica.
Existem alguns fatores de risco, como a genética. Estima-se que cerca de 44% das crianças que têm um dos pais com o problema, irão repetir o quadro. No entanto, quando os dois pais têm ou tiveram o problema, aumenta para 77% o número de crianças com enurese nessa situação.
Além da genética, é preciso lembrar que quando se é menino, as chances de ter enurese dobram em relação às chances de uma menina desenvolver o problema.
Ainda é preciso ressaltar que a enurese pode ser um sintoma, em conjunto com a encoprese, da depressão infantil, transtorno mental grave para uma criança.
Sintoma
O principal e praticamente único sintoma da enurese é a incontinência urinária. É mais comum que a eliminação da urina seja involuntária, e pode acontecer tanto na cama quanto na roupa, quando não estiver dormindo.
Para que a criança seja diagnosticada com enurese, é preciso que o comportamento se repita pelo menos três vezes em uma semana, no mínimo seis meses depois que ela tenha aprendido a segurar o xixi.
Diagnóstico da enurese
É importante que os pais observem o comportamento da criança. Caso percebam que a calcinha ou a cueca da criança ficam úmidos, molhados ou com cheiro de xixi, eles devem pensar na hipótese da criança ter enurese. Além disso, caso a criança faça xixi na cama ou não consiga segurar a urina, mais de uma vez por semana, a enurese pode de fato ser um diagnóstico.
Quando começarem a perceber sinais da enurese, os pais provavelmente irão levar a criança para um pediatra. O próprio pediatra pode dar o diagnóstico, mas caso ele ache necessário, o médico pode encaminhar a criança para um urologista ou nefrologista infantil.
Ao chegarem no consultório médico, é interessantes os pais levarem uma série de informações, como:
- Sinais, além da enurese, que a criança tem apresentado em seu comportamento;
- Frequência que a criança faz xixi na cama;
- Explicar o momento que a criança está vivendo, se tem algum fator estressante ou, possivelmente, traumatizante;
- Lista de medicamentos, suplementos e vitaminas que a criança toma;
- Histórico familiar, caso tenha algum parente que tem ou já teve enurese.
Depois da consulta, o médico pode pedir uma série de exames de sangue, raio-x ou exames de imagem para verificar a existência de um problema estrutural nos rins e na bexiga, ou de diabetes e infecções.
Tratamento
Quando a enurese não é resultado de outras doenças ou problemas, o tratamento é praticamente feito pelos pais, com mudanças de comportamento. Algumas atitudes que os pais podem tomar são:
- Criar uma rotina de idas ao banheiro, mesmo que a criança não esteja sentindo vontade;
- Diminuir a quantidade de líquido que a criança ingere a noite.
É possível, ainda, que o médico recomende sessões de fisioterapia, com o intuito de fortalecer a musculatura da bexiga.
Ademais, existem alguns medicamentos recomendados para o tratamento da enurese. O principal é o desmopressina, que reduz a produção de urina durante a noite. É importante ressaltar que somente um médico poderá prescrever os medicamentos, evitando a automedicação.
Possíveis complicações
Mesmo com o tratamento, existem alguns problemas, não graves se tratados, que podem ser desencadeados pela enurese. Alguns problemas são:
- Baixa autoestima e frustração;
- Sentimento de culpa;
- Erupções de pele na área genital da criança.
Caso os pais vejam a necessidade, a psicoterapia pode ser uma grande aliada para a diminuição e tratamento dessas complicações. O psicoterapeuta, em conjunto com os pais, irá mostrar para a criança que não tem problema fazer xixi na cama e que é só uma fase.
3 dicas para os pais
O tratamento da enurese é muito importante. No entanto, existem algumas ações que pode melhorar o tratamento e torná-lo menos traumático.
Não culpe a criança
Fazer xixi na cama ou na roupa já é bastante humilhante. A criança não precisa que os pais briguem com ela por causa disso. Elas reconhecem o erro.
É preciso que os pais entendam o lado da criança também, confortando elas quando os episódios de incontinência acontecem.
Crie um sistema de premiação
Durante o tratamento, é importante que a criança perceba que ela está fazendo certo. Crie um sistema de premiação, com um quadro semanal. Cada dia que a criança não tiver episódios de enurese, coloque uma estrelinha dourada, pontuando a criança pelo seu comportamento.
Acordar no meio da noite para fazer xixi
É muito comum a enurese ser noturna, durante o sono. Para que a criança comece a controlar a bexiga, ela precisa entender que é normal acordar no meio da noite só para usar o banheiro.
Para que ela comece a ter esse entendimento, os pais precisam no início acordá-la pelo menos 2 vezes por noite só para fazer xixi. Além disso, crie uma rotina de ir ao banheiro antes de dormir.
Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil.
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