Porque haveria um dilema das redes?
Tão rapidamente quanto a internet se instalou como ferramenta política, de trabalho e na vida doméstica, as redes sociais evoluíram de forma constante, tornando-se parte da nossa rotina e dominando boa parte do nosso dia.
Dessa forma, seguindo esse padrão de pensamento e análise da evolução da internet, o serviço de streaming Netflix, lançou o documentário ‘’O Dilema das Redes’’.
‘’Nós twittamos, curtimos e compartilhamos — mas quais são as consequências da nossa crescente dependência das mídias sociais?”
”À medida que as plataformas se tornam cada vez mais uma salvação para permanecer conectado, especialistas revelam como a mídia social está reprogramando a civilização”, revela a sinopse.
Assim, se deseja saber um pouco mais sobre a relação das redes sociais com a sociedade e a influência nos relacionamentos, neste artigo você encontra:
- As redes sociais e a conexão entre pessoas
- As redes sociais e a desconexão entre pessoas
- A Psicologia do Dilema das Redes
- Os algoritmos das Mídias Sociais Online
- A dependência de internet na década de 90
- Orientações para crianças, adolescentes e adultos
- Pornografia, soft porn e o dilema das redes online
- Como buscar ajuda no Inpa
As redes sociais e a conexão entre pessoas
Ainda que possam haver polêmicas sobre o assunto, na maioria dos casos, as redes sociais permitem que as pessoas se conectem quando estão impossibilitadas de se deslocar, além conhecerem pessoas de forma online.
Nas redes sociais, é possível se conectar com pessoas em situações semelhantes ou diferentes daquela que você vive, compartilhar desabafos, interações e alegrias e celebrações.
De acordo com uma pesquisa feita nos EUA, até 64% dos adolescentes relatam que fizeram um novo amigo online, e 83% relatam que se sentiram mais conectados com os amigos.
Mais do que amizades, as redes sociais também podem promover relacionamentos românticos.
Quase um terço dos estadunidenses em geral e 48% daqueles com idades entre 18-29 já namoraram online, de acordo com o Pew Research Center.
Além disso, 55% dos adultos autodeclarados gays, lésbicas ou bissexuais também relataram sucesso com o namoro online.
A conexão por meio das redes sociais pode ser especialmente significativa para grupos de minorias e pessoas que podem ter opções limitadas de interações, afirma Don Grant, presidente do Comitê da American Psychological Association.
A rede social pode remover barreiras autênticas, e são capazes de permitir que as pessoas se conectem de forma genuína, principalmente para aqueles que sofrem de fobia social, isolamento geográfico, inseguranças e limitações físicas.
As redes sociais e a desconexão entre pessoas
Por um lado, a internet nos ajudou a construir interações e conexões quando estamos longe uns dos outros.
Por outro lado, as redes sociais podem afetar negativamente os relacionamentos quando começamos a nos comparar com outras pessoas.
Amigos, colegas de trabalho ou pessoas que nem conhecemos pessoalmente: nos sentimos mal apenas com base em suas publicações glamourosas nas redes sociais.
Um exemplo disso, é que muitas pessoas podem temer que sua vida não seja tão boa quanto a das pessoas que ela acompanha e acaba se afastando porque sentem que não são boas o suficiente.
Esse impacto na autoestima e no isolamento é parte do motivo pelo qual o aumento do uso das mídias sociais está associado a sintomas depressivos.
Se alguém está constantemente comparando sua vida a uma imagem perfeita que veicula nas redes sociais, pode não se sentir bem consigo mesmo e ter uma maior probabilidade de desenvolver depressão.
Outros problemas que podem desconectar as pessoas, também podem surgir ao postar sobre alguns relacionamentos nas redes sociais, mas não todos eles.
As pessoas podem se sentir excluídas ou inferir que não são tão importantes se não estiverem sendo compartilhadas nas redes sociais, e acabam se afastando de tudo e todos.
O cyberbullying, um tipo de bullying praticado nas redes sociais, também pode afetar negativamente as conexões, quer você esteja recebendo comentários maldosos ou enviando-os para outra pessoa.
A Psicologia do Dilema das Redes
O dilema das redes sociais é evidente: as pessoas escolhem diferentes conteúdos para postar em diferentes plataformas de rede social, e não há uma opinião certa sobre benefícios e malefícios.
Quando querem postar fotos, tendem a escolher o Instagram. Quando querem postar pequenos trechos de texto, vão para o Twitter ou Facebook.
É preciso decidir o que postar, onde postar, incluindo os fatores psicológicos que determinam o que pode ou não ser postado.
Identificar exatamente por que as pessoas postam, é um desafio ainda em análise.
No entanto, ao compreender os comportamentos significativos, torna- se mais fácil entender as motivações gerais para a utilização das redes sociais, ainda que variem um pouco.
Um artigo recente intitulado “The Psychology of Social Sharing” (A Psicologia do Compartilhamento Social), ajudou a articular os diferentes prismas de motivações de postagem.
Embora os redatores deste artigo tenham abordado a psicologia da postagem nas mídias sociais a partir de uma perspectiva de marketing, eles exploraram incentivos psicológicos claros para compartilhar conteúdo.
Além disso, também adaptaram a hierarquia das necessidades humanas do psicólogo Abraham Maslow, às razões pelas quais as pessoas publicam e consomem atualizações.
Entre essas razões, estão:
1. Pertencimento
Os usuários geralmente desejam postar para sentir algum tipo de aceitação social de um grupo ou indivíduo em particular.
2. Estima
As pessoas querem suprir as partes do cérebro voltadas para o ganho de recompensas bioquímicas.
Isso ajuda a explicar porque alguns conteúdos são voltados para elas mesmas.
3. Auto Realização
Como a faceta mais importante da hierarquia das necessidades humanas, esse aspecto da postagem nas redes sociais se manifesta quando as pessoas compartilham seus sucessos.
O mundo psicológico só recentemente começou a confrontar as motivações para postar material nas redes sociais.
No geral, as motivações declaradas por jovens para usar sites de redes sociais, são bastante semelhantes às formas mais tradicionais de comunicação – para manter contato com amigos, fazer planos, conhecer melhor as pessoas.
Além disso, os pesquisadores do estudo explicaram que crianças e adolescentes estão começando a ter suas identidades moldadas por postar e se engajar nas redes sociais.
Os algoritmos das Mídias Sociais Online
Você já se perguntou o que ganham e como ganham empresas como Google, Facebook, Pinterest, Twitter e Instagram?
E, também, já se questionou o que essas empresas fazem e o que estão dispostas a fazer para garantir esses ganhos?
A partir da análise do documentário “O dilema das redes’’, listamos aqui, alguns tópicos com conceitos importantes, respondendo questionamentos que todos nós temos.
O que faz um algoritmo?
O algoritmo mais influente é aquele que controla o fluxo de informações que as pessoas recebem e tem papel importante no dilema das redes.
Ele ajuda a moldar o pensamento e compreensão de notícias e eventos – talvez não haja maior poder do que ser capaz de controlar o tipo de informação que um grupo de pessoas consome.
Com o passar dos anos, as plataformas de rede social se tornaram centrais para a forma como as pessoas se comunicam e recebem todos os tipos de informações.
Muitas pessoas agora dependem de algoritmos para serem informadas e se manterem atualizadas sobre as notícias e eventos, mesmo sem saber como isso acontece, afinal, nada que vemos nas redes sociais é aleatório ou trabalho do acaso: tudo é algoritmo.
Tudo é algoritmo
Personalidades importantes do Vale do Silício (apelido da região da baía de São Francisco, nos Estados Unidos, onde estão situadas várias empresas de alta tecnologia, destacando-se na produção de circuitos eletrônicos, na eletrônica e informática), estudaram a chamada tecnologia persuasiva, incluindo Tristan Harris.
Quando utilizada intensamente, a tecnologia de persuasão modifica o comportamento das pessoas.
O usuário não sabe se vai encontrar algo novo na linha do tempo, então rola várias vezes até encontrar algo que julgue interessante – o hábito é implantado dentro de quem navega pela rede social.
Assim, toda vez que a pessoa pega o celular e entra no Instagram, Twitter, Facebook ou qualquer outro APP, vai ter uma novidade, como uma marcação de foto, comentário, menção ou curtida.
Além disso, o próprio design dos chats também é feito para aprisionar o usuário: os três pontinhos indicam que a pessoa do outro lado da tela ainda está digitando, fazendo com que a pessoa fique mais tempo no aplicativo, esperando a resposta.
Navegação gratuita?
Justin Rosenstein, ex-engenheiro do Google e do Facebook, afirma que nada nas redes sociais é grátis para os usuários. Como?
‘’Quando você pensa como algumas dessas empresas funcionam…começa a fazer sentido. Elas possuem serviços de internet que nós achamos serem grátis, mas não são grátis, são pagos pelos anunciantes.
Por que os anunciantes pagam essas empresas? Pagam em troca de mostrar suas propagandas para nós. Nós somos o produto! Nosso foco é o ‘’produto’’ sendo vendido para os anunciantes”, pontua Justin.
Ou seja: de que forma os donos das redes sociais lucram? Com as propagandas pagas por empresas de todo o tipo de serviço! “Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto. Isso mesmo, você, seus dados e suas ações nas redes.’’, confirma Tristan Harris.
Saúde mental e a geração Z
Há uma série de hábitos diminuindo entre os jovens nascidos em 1996. Eles, são a primeira geração a vivenciar a adolescência na era das redes sociais e dos smartphones.
Alguns dos hábitos que estão diminuindo, por exemplo, é a aquisição da habilitação de motorista (algo que há pouco tempo atrás era muito cobiçado entre os jovens) e a frequência sexual.
Mas, enquanto certos hábitos benéficos diminuem, taxas de automutilação e suicídio crescem.
No documentário, outras doenças e síndromes associadas ao mundo virtual são citadas, como a “dismorfia do Snapchat“ ou ‘’disformia de selfie’’, em que jovens fazem cirurgias para tentar ficar parecidos com os filtros da rede social.
A complexidade do dilema das redes
À medida que mais pessoas começam a consumir informações em plataformas sociais, muitos editores aproveitam o efeito viral que podem receber ao espalhar seu conteúdo, e dão continuidade ao ciclo vicioso.
Compreender como funcionam os algoritmos de mídia social nos permite saber quando talvez estejamos sendo manipulados por esses editores.
Os criadores de conteúdo precisam entender a melhor forma de trabalhar com os algoritmos para gerar o melhor retorno para seus esforços de criação de conteúdo.
Entretanto, o dilema das redes sociais é mais complexo ainda, pois a maioria das redes é notoriamente silenciosa sobre o funcionamento interno dessas equações matemáticas.
Eles, no entanto, fornecem dicas e informações ocasionalmente, por meio de seus canais oficiais ou por seus funcionários nas redes sociais.
A dependência de internet na década de 90
O Transtorno de Dependência da Internet, é geralmente definido como uso problemático e compulsivo da Internet, que resulta em prejuízo na função de um indivíduo em vários domínios da vida durante um período prolongado de tempo.
Outras relações entre o uso de mídia digital e saúde mental, têm estado sob pesquisa entre especialistas em diversas disciplinas e têm gerado polêmica nas comunidades médica, científica e tecnológica.
A Internet pode promover vários vícios, incluindo o vício em pornografia, jogos, sites de leilão, redes sociais e navegação na web.
Mas, a partir da chegada da Internet nos anos 90, e da definição indefinida de transtorno do vício em Internet, o diagnóstico prático ainda está longe de ser consistente.
Com a primeira pesquisa iniciada por Kimberly S. Young em 1996, o estudo científico do vício em Internet existe há mais de 20 anos.
Alguns obstáculos estão presentes na criação de um método diagnóstico aplicável para transtorno desse tipo de dependência.
A Dra. Kimberly Young é psicóloga licenciada e especialista internacionalmente conhecida em dependência de Internet.
Ela fundou o Center for Internet Addiction em 1995 e é professora na St. Bonaventure University, publicando vários artigos e livros, incluindo ‘’Caught in the Net’’, o primeiro a identificar o vício em Internet.
Também fundou a primeira clínica hospitalar para pacientes com vício em Internet e criou as Diretrizes para Pais Inteligentes, as primeiras com base na idade de desenvolvimento.
O uso de jogos em eletrônicos e aplicativos nos tempos atuais
Em 2018, a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11), incluiu o uso abusivo de jogos eletrônicos na seção de transtornos que podem causar vícios.
Dessa forma, a dependência em jogos em aplicativos online e videogames online ou offline é, há 2 anos, considerada doença.
Philip Zimbardo, psicólogo da Universidade de Stanford, nos EUA, acredita que há uma crise entre os homens e que ela é causada pela pornografia e videogames.
Uma das principais preocupações de Zimbardo, é que os jovens estão jogando videogame em excesso e usando os jogos como uma forma de escapismo das preocupações e responsabilidades da vida real.
Em 2011, o psicólogo concedeu uma palestra ao TEDTalk, onde esclareceu sua visão sobre a qualidade de vida dos homens jovens.
Ele afirma: “Para mim, ‘excesso’ não é o número de horas, é uma mudança psicológica na mentalidade’’.
Orientações para crianças, adolescentes e adultos
Os aplicativos de jogos e redes sociais são projetados para atrair nossa atenção e nos induzir a gastar o máximo de tempo possível com eles.
Quando recebemos uma notificação, nosso cérebro libera dopamina, um neurotransmissor que nos faz sentir bem.
Assim, como o cérebro anseia por dopamina, estamos programados para encontrar soluções rápidas para consegui-la, então, inconscientemente, continuamos repetindo diariamente esse comportamento.
Por isso, como diminuir o tempo de uso, se estamos sempre conectados?
Aqui estão algumas das ferramentas e estratégias que podem ajudar:
1. Rastreie o tempo gasto nas redes sociais
Além do policiamento automático, há alguns aplicativos e ferramentas nos próprios aparelhos celulares que podem ajudar.
Para quem possui modelos Apple, o iOS possui uma ferramenta integrada chamada Screen Time.
Ela rastreia quanto tempo você passa no iPhone, incluindo o número exato de minutos em diferentes aplicativos.
O Google também possui um recurso semelhante em alguns de seus telefones, chamado Wellbeing, além de outros aplicativos Android.
Você pode pesquisar por “aplicativos de rastreamento de uso do telefone” e encontrar um que funcione bem para você.
2. Use extensões do navegador para bloquear sites de redes sociais
O Desktop, uma das melhores ferramentas que você pode usar para limitar o uso de mídia social, é uma extensão do navegador que bloqueia o acesso aos sites que você escolhe.
Alguns deles também controlam o tempo em sites e aplicativos, portanto, podem ter uma função dupla.
Outra forma de bloquear alguns sites, é através do roteador doméstico. Normalmente, há uma seção para filtragem de domínio.
Se você bloquear um site principal, como o Facebook, nenhum navegador da sua rede será capaz de abrir qualquer página dele.
3. Ative os limites de tempo nos aplicativos móveis do Facebook e Instagram
Os aplicativos Facebook e Instagram têm uma função de rastreamento de tempo. Este recurso rastreia quantos minutos por dia você usa cada um dos aplicativos e fornece uma média diária.
Eles também possuem um limite de tempo opcional que você pode definir por quanto tempo deseja gastar no aplicativo por dia.
Quando você atinge o limite, uma notificação no aplicativo avisa.
A configuração é chamada ‘’Definir lembrete diário’’. No Instagram, está em Configurações > Sua atividade > Definir lembrete diário.
No Facebook, procure seu tempo nas configurações da rede social.
Esta configuração não bloqueia você de acessar o aplicativo, nem de fazer seu logout, ele apenas informa quando você atingiu o limite.
No entanto, deixa você bem ciente da rapidez com que alguns minutos de navegação nas redes sociais podem se transformar em 1 hora.
4. Cogite estabelecer um dia ‘’off’’
Em vez de limitar o uso das redes sociais, por que não tentar cortá-lo completamente em um dia específico?
Em resumo, a pessoa escolheria um dia da semana em que eliminaria as conexões online, para se conectar presencialmente.
Por exemplo: ela pode eliminar todas as mídias sociais durante o fim de semana (ou apenas um dia) para se concentrar no relaxamento.
Reserve um dia para se distanciar dos problemas e dilemas da rede!
5. Desative as notificações
Desative as notificações de áudio para aplicativos de mídia social que estão causando vício, além dos emblemas e banners.
Assim, na próxima vez em que acessar um aplicativo ou site, verá todas as novas notificações!
Não é necessário obtê-las primeiro no telefone e depois uma segunda vez no aplicativo, uma vez só já é suficiente.
Pornografia, soft porn e o dilema das redes online
A pornografia consiste em qualquer conteúdo que possui cenas ou imagens de apelo sexual. É aquilo que alguns consideram obsceno.
Já o consumo exagerado desse tipo de conteúdo é chamado de vício em pornografia.
O número de homens e mulheres que podem dizer que nunca viram qualquer tipo de pornografia é mínimo.
Porque, com a internet, a pornografia, é de fácil acesso: disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, gratuita e privada. Uma quantidade e variedade quase infinita de possibilidades de acesso.
Isso acontece principalmente porque o consumo de pornografia tem se tornado cada vez mais comum, e esse consumo já não traz mais vergonha como antes.
Para muitos, ela é vista como um entretenimento comum.
Já a ‘’soft porn’’, um subgênero da pornagrafia comum, é uma Expressão coloquial que significa “pornografia leve”.
Geralmente não contém imagens em close/zoom, não são tão explícitos e não exige que seus participantes realmente se envolvam em atividades sexuais.
Essa variedade de pornografia é comumente consumida por espectadores iniciantes e mais jovens.
Como buscar ajuda no Inpa
Se você se vê com problemas com as redes sociais, e está enfrentando o dilema das redes, agende sua sessão por meio do nosso site!
Assim, após entender um pouco mais sobre o dilema das redes, você pode entrar em contato conosco.
Além do site, também é possível marcar o seu atendimento telefonando ou enviando um WhatsApp para o número (61) 3242-1153.
Realizamos terapia online!
Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil
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