As expressões dos olhos oferecem um vislumbre da evolução da emoção
Porque os olhos oferecem uma janela para a alma?
De acordo com o estudo recente, publicado na Psychological Science, interpretamos as emoções de uma pessoa analisando a expressão em seus olhos. Um processo que começou como uma reação universal aos estímulos ambientais e evoluiu para comunicar nossas emoções mais profundas.
Por exemplo, as pessoas no estudo consistentemente associaram olhos estreitados com emoções relacionadas à discriminação, como nojo e suspeita.
Em contrapartida, elas vincularam os olhos abertos – que expande o nosso campo de visão – com emoções relacionadas com a sensibilidade, como medo e temor.
“Ao olhar para o rosto, os olhos dominam a comunicação emocional”, conforme Anderson.
“Os olhos são janelas para a alma, provavelmente porque são as primeiras condutas para a visão. Mudanças emocionais expressas ao redor do olho influencia a forma como vemos, e por sua vez. Isso comunica aos outros como nós pensamos e sentimos”.
Afinal, o que as expressões faciais e o olhar demonstram sobre as emoções humanas?
Este trabalho baseia-se na pesquisa de Anderson. De acordo com esse estudo as expressões faciais humanas surgiram a partir de reações adaptativas universais ao ambiente e não sinalizavam originalmente a comunicação social. Expressões faciais tais como: erguer as sobrancelhas.
Dessa forma, ambos os estudos apoiam as teorias do século XIX de Charles Darwin sobre a evolução da emoção. As teorias supõem que nossas expressões se originaram para a função sensorial e não para a comunicação social.
“O que nosso trabalho está começando a desvendar”, disse Anderson, “são os detalhes do que Darwin teorizou. Por que certas expressões se parecem da maneira que parecem, como isso ajuda a pessoa a perceber o mundo e como os outros usam essas expressões para ler nossas intenções e emoções mais íntimas.”
Os modelos de expressões faciais
Anderson e seu co-autor, Daniel H. Lee, professor de Psicologia e Neurociência na Universidade do Colorado, Boulder, criaram modelos de seis expressões usando fotos de rostos utilizados amplamente pelos bancos de dados.
Dessa forma, os modelos são: tristeza, repulsa, raiva, alegria, medo e surpresa.
Os participantes do estudo mostraram um par de olhos demonstrando uma das seis expressões; e uma palavra dentre 50 descrevendo um estado mental específico. Como discriminante, curioso, entediado.
Os participantes avaliaram então em que medida a palavra descrevia a expressão do olho. Cada participante completou 600 ensaios.
Os participantes combinaram com consistência as expressões dos olhos com a emoção básica correspondente. Discernindo com precisão todas as seis emoções básicas apenas pelos olhos.
Anderson, em seguida, analisou como essas percepções dos estados mentais se relacionavam com características específicas do olho.
O que os olhos dizem?
Essas características incluíam a abertura do olho, a distância da sobrancelha para o olho, a inclinação e curva da sobrancelha e rugas ao redor do nariz, do templo e abaixo do olho.
O estudo descobriu que a abertura do olho estava mais relacionada com a nossa capacidade de ler os estados mentais dos outros com base em suas expressões oculares.
Expressões de olhos estreitos refletiam estados mentais relacionados à discriminação visual melhorada, como suspeita e desaprovação.
Enquanto que expressões de olhos abertos estavam relacionadas à sensibilidade visual, como curiosidade.
Outras características ao redor do olho também comunicavam se um estado mental era positivo ou negativo.
Além disso, ele fez mais estudos comparando o quão bem os participantes poderiam ler as emoções da região dos olhos para quão bem eles poderiam ler emoções em outras áreas do rosto, como o nariz ou a boca.
Esses estudos descobriram que os olhos ofereciam indicações mais robustas de emoções.
Este estudo, disse Anderson, foi o próximo passo na teoria de Darwin. Indagando como as expressões para a função sensorial acabaram sendo usadas para a função de comunicação de estados mentais complexos.
“Os olhos evoluíram há mais de 500 milhões de anos para os propósitos da visão, mas agora são essenciais para a percepção interpessoal”, disse Anderson.
Tradução feita por Lorena Peixoto.
Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil
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